Como a combinação de capital público, privado e filantrópico pode destravar recursos para projetos de impacto em territórios vulnerabilizados. Para facilitar o entendimento desse mecanismo, este blog inclui um infográfico explicativo que mostra, de forma visual, como as finanças mistas funcionam na prática e qual o papel da NESsT no ecossistema de impacto na Amazônia.
A Amazônia guarda um imenso potencial para negócios que preservam a floresta e fortalecem comunidades locais. São iniciativas que atuam com manejo florestal, agroextrativismo, turismo de base comunitária, agricultura regenerativa — e que precisam de apoio para crescer com solidez e escala.
Porém, a maioria desses empreendimentos enfrenta um grande obstáculo: a dificuldade de acesso a crédito e investimento, por serem considerados de “alto risco” por bancos e investidores tradicionais.
Nesse contexto, o modelo de finanças mistas (blended finance) surge como uma solução estratégica. Ele combina capital filantrópico, público e privado para reduzir riscos e atrair investimentos em negócios sustentáveis. Ao assumir o “primeiro risco”, organizações como a NESsT criam as condições para que bancos e investidores privados se sintam seguros para apoiar esses empreendimentos, ampliando seu acesso a crédito e capital de crescimento.
Esse modelo baseia-se em três pilares:
Impacto: compromisso com o desenvolvimento sustentável e inclusão social;
Retorno proporcional ao risco: diferentes perfis de investidor assumem riscos e expectativas de retorno compatíveis;
Alavancagem: o capital catalítico atua como primeiro risco, reduzindo a exposição dos investidores privados.
Esse arranjo pode incluir garantias, subsídios cruzados, assistência técnica, capital paciente e instrumentos híbridos — sempre com o objetivo de tornar o projeto mais atrativo e viável financeiramente.
Na Amazônia, o blended finance pode fazer a diferença
O modelo blended finance pode ser especialmente útil para empreendimentos parte de cadeias produtivas da bioeconomia amazônica, permitindo que negócios liderados por mulheres, povos indígenas e comunidades tradicionais cresçam com mais estabilidade e impacto.
Um exemplo disso é a atuação da NESsT junto às cooperativas agroextrativistas.
Foto: ASPROC
Localizada às margens do rio Juruá, a Associação dos Produtores Rurais de Carauri (ASPROC) apoia comunidades ribeirinhas locais na produção e comercialização de produtos biodiversos extraídos exclusivamente da floresta, como o pirarucu, a farinha de mandioca, a borracha natural e o açaí.
A NESsT apoiou a ASPROC com recursos para a reforma de uma unidade de beneficiamento de pescado que teve parte de sua estrutura comprometida, possibilitando a rápida recuperação e retomada das operações.
Além disso, os investimentos da NESsT na Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha das Cinzas (ATAIC) e na Associação dos Agropecuários de Beruri (ASSOAB) viabilizaram a implantação de uma cozinha semi-industrial e a criação de uma fábrica de óleos na ASSOAB, respectivamente.
Esses investimentos em infraestrutura de base prepararam esses negócios para acessarem crédito bancário de capital de giro no futuro.
Foto: CooperSapó
No caso da CooperSapó, o apoio técnico e em governança oferecido pela NESsT foi fundamental para que a cooperativa avançasse em sua gestão e se preparasse para captar novos recursos de fundos que exigem maior apetite ao risco.
Quando bem estruturado, o modelo blended finance permite transformar boas iniciativas em soluções de impacto, conectar quem precisa de apoio com quem quer investir com propósito, e viabilizar uma economia de floresta em pé, com justiça social e retorno econômico.
Para facilitar o entendimento desse mecanismo, a NESsT desenvolveu um infográfico explicativo que mostra, de forma visual, como as finanças mistas funcionam na prática e qual o papel da NESsT no ecossistema de impacto na Amazônia.
A ferramenta ajuda a traduzir conceitos financeiros em uma linguagem acessível, sendo especialmente útil para empreendedores, formuladores de políticas públicas, parceiros e qualquer pessoa interessada em entender como acelerar o desenvolvimento da bioeconomia na Amazônia por meio de soluções inovadoras de financiamento.
Saiba mais sobre o trabalho da NESsT na Amazônia e como estamos impulsionando negócios sustentáveis com soluções financeiras inovadoras: br.nesst.org/amazonia
Leia o relatório completo e conheça as propostas da NESsT para destravar o potencial da bioeconomia liderada por comunidades locais. Acesse em:
Este blog faz parte de uma série que explora os insights, temas-chave e abordagens que norteiam a publicação da NESsT: Destravando o Potencial do Ecossistema Mundial de Financiamentos para uma Bioeconomia Sustentável na Amazônia pela Perspectiva das Comunidades Locais. Baseado em vozes amazônicas e conversas com o setor financeiro global, o relatório identifica nove recomendações em duas áreas principais para que investidores públicos e privados focados em impacto possam melhorar o direcionamento, eficácia e eficiência de seus financiamentos para a bioeconomia da Amazônia. Com esta série de dez partes, buscamos trazer essas oportunidades para conversas mais amplas e espaços de discussão diversificados, ampliando o alcance das comunidades amazônicas e suas vozes, experiências e soluções.